Campo Grande (MS) – Auditoria realizada nas contas de Mato Grosso do Sul, nos primeiros meses de trabalho do governador Reinaldo Azambuja, descobriu que, na última gestão, despesas da ordem de R$ 253 milhões sumiram dos registros contábeis do tesouro estadual sem qualquer explicação. A conclusão é da Pricewaterhouse Coopers (PwC), que auditou o orçamento do Estado.
Os detalhes do rombo no cofre de Mato Grosso do Sul foram apresentados pelo governador Reinaldo Azambuja nesta terça-feira (7), em entrevista coletiva à imprensa na governadoria.
Segundo ele, o relatório da auditoria mostra que do calote de R$ 253 milhões, R$ 143 milhões são referentes às dívidas de pessoal – valores que foram descontados da folha de pagamento dos servidores, como empréstimos consignados e previdência, mas não foram repassados às instituições credoras.
Os outros R$ 110 milhões representam o valor total da dívida com fornecedores – empresas diversas de prestação de serviços como manutenção e limpeza de prédios públicos, contratos de publicidade, convênios de mão de obra terceirizada e outros.
Conforme o levantamento da PwC, a despesa de R$ 253 milhões foi apagada do orçamento estadual mesmo sendo comprovada por meio de emissão de notas fiscais e atestados de recebimentos. O mesmo valor levantado pela auditoria da empresa contratada foi confirmado pelo Balanço Geral do Estado, por meio de relatórios de gestão fiscal da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz).
“Esse cenário nos preocupa muito porque são empenhos liquidados e cancelados depois de executados e comprovados. Por causa disso, tivemos que empenhar a dívida da gestão passada no nosso novo orçamento e liquidar as despesas contraídas no exercício anterior”, explicou o governador.
Intervenção do atual governo para evitar prejuízos
Durante a apresentação dos dados, Reinaldo afirmou que parte do calote dado pela última administração foi assumido pela atual gestão como forma de evitar prejuízos aos funcionários estaduais. “Acertamos o pagamento das dívidas de pessoal”, pontuou o chefe do Executivo.
Assim que soube da dívida, Reinaldo disse que negociou com os bancos credores para impedir que os servidores tivessem os nomes negativados nas instituições de proteção ao crédito. “Se o governo não tivesse assumido, o servidor, que é detentor do empréstimo, ia ter o nome negativado”, explicou.
Sobre as despesas com fornecedores, o governador disse que os contratos estão sendo analisados um por um para que se encontre a melhor maneira de liquidar os débitos.
Após a explanação do diagnóstico orçamentário estadual, Reinaldo disse que o relatório formatado pela auditoria será enviado ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPE) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/MS), órgãos responsáveis pela investigação e fiscalização das ações do governo.
Bruno Chaves