De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil temos mais de 12,5 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a 6,7% da população.
Considerando somente os que possuem grande ou total dificuldade para enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus, o IBGE constatou que a deficiência visual estava presente em 3,4% da população brasileira; a deficiência motora em 2,3%; deficiência auditiva em 1,1%; e a deficiência mental/intelectual em 1,4%.
Sabendo desta realidade, muitas ações de inclusão são realizadas no país e no âmbito do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul não é diferente. E hoje, o Portal do Servidor apresenta dois servidores que desempenham suas funções a favor de um governo mais inclusivo.
Um deles é Bruno Ribeiro Cruz, técnico desde 2018 do Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS), vinculado a Coordenadoria de Políticas para Educação Especial (COPESP) da Secretaria de Estado de Educação (SED).
O servidor atua como tradutor intérprete de Libras na Rede Estadual de Ensino desde 2010, mas conta que o seu interesse pela língua brasileira de sinais surgiu em 2007, quando ainda era estudante.
“Na adolescência entrei em uma loja de departamentos aqui em Campo Grande e fui questionar uma vendedora acerca de um produto e a mesma gesticulou uma informação: de que era surda. No mesmo ano, eu estudava no 1º ano do ensino médio e entraram dois novos estudantes surdos na turma, desde então passei a me interessar pela cultura surda e a língua de sinais”, relembra.
E é prioritariamente no acompanhamento do processo de inclusão escolar do estudante surdo com foco na formação dos tradutores intérpretes de Libras que atuam nas escolas da Rede Estadual de Ensino e assessoramento pedagógico às equipes escolares que atuam os profissionais bilíngues do CAS.
Assim como na oferta de cursos de Libras para professores, familiares e comunidade em geral; avaliação de proficiência linguística; e Atendimento Educacional Especializado no contraturno para estudantes surdos matriculados na Rede Estadual de Ensino.
Além dessas e outras funções, neste momento excepcional da nossa história, o CAS também tem contribuído com a tradução em Libras nos boletins diários sobre a COVID-19 promovendo a acessibilidade linguística.
“O Governo do Estado, pensando na acessibilidade comunicacional de toda população, buscou junto à SED a disponibilização dos profissionais do CAS para as lives do boletim do Coronavírus desde o início da pandemia para assim atingir e atender o maior público possível com as informações sobre a pandemia”, disse Bruno.
Mesmo destacando que a SED, por meio da COPESP e de todos os Centros Estaduais de atendimento ao público da Educação Especial vêm envidando esforços garantir o direito de acessibilidade tanto para os estudantes com surdez, quanto para estudantes com deficiência e altas habilidades/superdotação, sempre com a perspectiva de promoção do processo de inclusão escolar e social, o servidor ainda faz um convite aos colegas de trabalho.
“Essas ações contribuem muito para dar visibilidade ao público da educação especial, e isso faz com que as pessoas tenham um olhar mais sensível para questões pedagógicas, culturais e sociais. Aos colegas servidores, faço um chamado para que participem dos cursos de Libras, pois conhecimento nunca é demais e só aceitamos aquilo que conhecemos. Ademais muitos procuram fazer curso de outras línguas e esquecem-se que a Libras é a segunda língua oficial brasileira, com isso o ganho não é só pessoal, mas também profissional”, afirma.
Outra ação governamental que merece destaque foi realizada pela gestora da Unidade de Comunicação e Qualidade da Interação da Superintendência de Gestão da Informação (SGI), Thereza Christina Amendola da Motta, e sua equipe.
Trata-se do menu de acessibilidade que está no ar em todos os sites do Governo do Estado desde fevereiro deste ano, para criar uma experiência de navegação mais simples e acessível a todos os usuários.
Várias opções de acessibilidade são oferecidas no menu, entre elas: teclas de navegação; opção para ler página; ajustar o contraste da página; destacar os links; aumentar a letra dos textos ou o seu espaçamento; parar as animações do site; alteração da fonte para uma opção de dislexia amigável ou fonte legível; aumentar o cursor do mouse e ter uma guia de leitura; e barra de ferramentas.
Thereza relata que anteriormente os portais do Governo só possuíam a opção para o aumento da fonte do texto, mas que a SGI sempre teve a percepção de que os sites necessitavam de mais recursos de acessibilidade.
“Há alguns anos já tínhamos o desejo de fazer a inclusão de todas as pessoas com deficiência nos nossos sites. Isso foi ficando mais latente à medida em que os serviços estaduais começaram a ser mais digitais do que físicos. Fomos atrás de estudar alguma ferramenta gratuita que fosse compatível com o gerenciador de conteúdo que utilizamos nos sites do Governo”.
A gestora descreve que é gratificante ver o projeto que foi desenvolvido em 2 meses – divididos em estudo das deficiências, estudo de acessibilidade, busca da ferramenta e implementação – sair do papel e garantir a inclusão de todos nos serviços e notícias de interesse da população.
“Era um projeto desejado há algum tempo. Então, fazer parte da aplicação de iniciativas, como essa, que tornam a vida das pessoas mais prática é recompensador emocional e profissionalmente”, assegurou Thereza.
Por fim, Bruno ainda ressalta que “acessibilidade não é para um determinado grupo de pessoas ou um único indivíduo, mas sim para todos. Nossa sociedade só se torna melhor quando entendemos que o normal é ser diferente!”.