Da PC World
Não é sempre que você encontra um computador confiável para responder aquele e-mail importante na sua caixa postal ou mesmo gastar algumas horas navegando a esmo.
E o problema não está nem em computadores públicos, como os disponíveis em telecentros – eles contam com funções que gerenciam (ou simplesmente ignoram) dados pessoais de múltiplos usuários.
A questão está nos computadores de amigos ou familiares que ainda acham que firewalls e medidas de segurança são fruto da criatividade de usuários paranóicos.
As senhas, números de cartão de crédito e informações pessoais são deles e isto não é problema seu – mas e se só sobrar um micro como este na hora de checar suas mensagens e fazer alguma operação bancária de urgência?
Para não correr o risco, o usuário pode apelar por usar outro sistema operacional que não o instalado na máquina do seu amigo sem ter o trabalho de formatar disco rígido, reconhecer drivers e baixar softwares.
A atraente função é oferecida por uma série de distribuições de Linux, que podem ser acessadas tanto por CDs, por meio dos conhecidos LiveCD, como por memory keys.
Ambos os modelos seguem o mesmo modelo: na hora de ligar o micro, o usuário formata a BIOS para que o primeiro dispositivo a ser carregado seja ou o leitor de CD ou a porta USB onde o pen drive está conectado.
LiveCD
O conceito do LiveCD obedece ao dos disquetes que acompanham a instalação de muitos softwares na década de 90 (o Windows, inclusive).
Ao invés de carregar o sistema operacional e suas definição do disco rígido, todo o ambiente em Linux é acessado direto no CD, queimado pelo usuário com sua distribuição predileta.
Além de oferecer um ambiente seguro sem desconfigurar o computador onde é rodado, o LiveCD é uma esperta estratégia para aproximar usuários leigos às distribuições sem a necessidade de abandonar sistemas fechados, como o Windows.
Sistemas operacionais populares entre a comunidade que gosta de usá-los instalados, como Ubuntu e Fedora, contam com atrativos similares para seu uso pelo LiveCD.
Por mais que o nome se referira à mídia CD, muitas distribuições excedem os 700 MB disponíveis no disco e exigem que o boot seja feito a partir de DVDs – para usuários iniciantes ou mesmo para operações rápidas, no entanto, as versões básicas dão conta do recado.
O Ubuntu oferece duas versões do sistema operacional para que sejam customizadas em LiveCD – 5.10 e 6.06.
A versão mais simples, que ocupa 699 MB, traz softwares básicos para navegar na internet (Mozilla Firefox), edição de imagens (Gimp), edição de documentos corporativos (OpenOffice) e mensagens instantâneas (Gaim).
Mais recente entre todos, o LiveCD do sistema de código aberto da Red Hat Fedora usa sua versão 6 comprimida em 682 MB com maior riqueza de aplicativos que o Ubuntu.
No LiveCD do Fedora 6, além do pacote de navegador (Firefox), gerenciamento gráfico (F-Spot) e softwares corporativos (Abiword e Gnumeric), o usuário encontra soluções para telefonia IP (Ekiga), reprodução multimídia (Totem e Rhythmbox) e busca no desktop (Beagle).
Baseado no pacote Debian, o LiveCD da distribuição Knoppix usa o kernel 2.6 do Linux e agrega softwares como o navegador Konqueror, os softwares multimídia X Multimedia System e Ogg Vorbis Áudio, a suíte corporativa OpenOffice e o software gráfico Gimp.
Já o brasileiro Kurumin nunca escondeu que tinha como alvo atrair usuários pela compressão de seus aplicativos – tanto que o grupo responsável pelo sistema totalmente em português costumava distribuir miniCDs com o aplicativo.
O Kurumin conta com duas versões que podem fazer as vezes de LiveCD: a padrão ocupa 603 MB e com mais softwares além dos básicos Firefox e Kaffeine disponíveis na versão Light, que ocupa apenas 182 MB.
A versão completa do Kurumin também suporta impressão de arquivos, Java e scanners e conta com o pacote corporativo OpenOffice. Ambas, porém, podem ser usadas como LiveCD.
Memory keys
Da mesma maneira que podem ser baixadas e queimadas em mídias virgens para fazer as vezes de LiveCD, distribuições como Ubuntu e Fedora 6 podem ser configuradas para funcionar por meio de um pen drive.
A francesa Mandriva, por sua vez, comercializa diretamente os pequenos dispositivos de armazenamento com o sistema operacional Mandriva Flash integrado.
A principal vantagem está na possibilidade do drive gravar dados – em CDs e DVDs reproduzidos pelo drive, os arquivos podem ser criados e enviados para um servidor online, mas não salvos.
Pelo memory key, é possível que o usuário edite arquivos já gravados e salve novas versões dentro do espaço requerido.
Aliado à instalação do sistema operacional, o gerenciamento de documentos, contudo, exige que pen drives espaçosos sejam usados – de nada adianta um de 1 GB onde há alguns MBs disponíveis para salvar músicas, fotos e textos.
Para tanto, a Mandriva oferece apenas a versão de 2 GB (269 reais, mais frete) para usuários finais no Brasil – a companhia, porém, afirma que lançará no país o modelo com 4GB, oferecido apenas por 89 euros pela Mandriva francesa.
Baseado no Kernel 2.6 do Linux, o Mandriva Flash conta com navegador Firefox, pacote corporativo OpenOffice e player multimídia RealPlayer 10, além de efeitos para desktop em 3D.
Mesmo com a gravação de dados e o (fácil, embora falho em certos momentos, segundo teste feito pela PC World) reconhecimento do hardware do micro, o Mandriva ainda prima por deixar o micro original intocado após você desplugar o memory key da porta USB.